segunda-feira, julho 17, 2006

Meu ódio
É um pedaço de carne sangrenta
Esborrachado por um punho.

Uma garganta amarrada por uma corda grossa;
De cor murcha, salgada, espigada;
Castigada pelo mar.

É um rude rochedo;
Enorme, gélido, sem perdão;
A pressionar o peito contra o chão.

São meus dedos ratados,
Minhas unhas soltas
E muitas outras feridas.

É o cinza a corroer-me como ferrugem.

É o odiar quem odeia
E assim lhe somo mais ódio.

É o espelho!
E parto!
É o silêncio!
E grito!
É o meu peito!
E furo!...
….
Epilogo

As mãos a segurar a caneta que atravessara o coração,
O olhar surpreso, a imobilidade, a calma…
Removo a estranha adaga;
Os braços a abrirem-se com a suavidade de uma ave majestosa;
E mesmo do lado esquerdo, sobre a fenda…
-Uma flor?!
A vida então retorna.

António Morgado

1 Comments:

Blogger nana said...

retorna.

..

....


..

x

.

17 de julho de 2006 às 23:59  

Enviar um comentário

<< Home